domingo, 17 de abril de 2011

Chocolate: História, Mitos e Verdades


O que há de tão especial no chocolate? Existem pessoas que são
verdadeiras "chocólatras" e chegam a fazer acompanhamento psicológico
para tratar do vício, tamanho é o desejo irrefreável pelo chocolate.
Além disso, bombons são um presente bastante comum entre casais
apaixonados - mas de onde vem sua fama romântica?

História

A saga do chocolate começa, pra valer, a partir do descobrimento da
América, pois até 1492 o Velho Mundo nada sabia sobre o delicioso e
extraordinário alimento. Cristóvão Colombo, retornando triunfante de
suas conquistas no Novo Mundo, apresentou à corte do Rei Ferdinando e da
Rainha Isabella algumas sementes de cacau - mas pouco ou nenhuma
importância lhes foi dada à época.

Admite-se que os índios astecas foram os primeiros chocólatras
conhecidos da história. Eles coletavam sementes de cacau e faziam uma
infusão que acreditavam ser um poderoso afrodisíaco, chamada "chocolate"
(líquido quente). O imperador asteca Montezuma chegava a beber mais de
50 porções por dia - e cuidava sempre de tomar uma dose extra antes de
entrar no seu harém. Isto fez com que Cortez, o conquistador europeu, e
seus homens acreditassem que o chocolate poderia intensificar sua
performance sexual.

Ao retornar à Espanha em 1528, Cortez presenteou o Rei Carlos V com
algumas preciosas sementes de cacau - e a partir daí, o chocolate
começou definitivamente a fazer sua história, tornando-se tão popular e
valioso na Espanha que sua produção foi mantida em segredo por mais de
um século. A escassez de chocolate durante o século XVII fez com que
este se tornasse um presente de excepcional valor. Contudo, os monges
monastéricos espanhóis, responsáveis pela manufatura do líquido, não
conseguiram escondê-lo por muito mais tempo.

Acredita-se que o chocolate tenha chegado à Grã-Bretanha na segunda
metade do século XVII, sendo que a primeira "fábrica" de chocolate
inglesa surgiu em 1657. Pouco à pouco, a produção artesanal deu lugar à
produção em massa, e por volta de 1730 seu preço já era acessível a boa
parte da população. A invenção da prensa de cacau em 1828 diminuiu ainda
mais os custos de produção.

Quando a princesa Maria Teresa da Espanha foi prometida em casamento ao
rei Luís XVI, da França, ela enviou-lhe chocolate de presente em uma
cesta ornamentada. Mais tarde, sua fixação por chocolate tornou-se tão
intensa que ela contratou seu próprio chocolatier.

Durante boa parte do século XIX, o chocolate continuou a ser consumido
exclusivamente na forma líquida - mas a partir de 1861 passou a ser
vendido na forma sólida, acondicionado em caixas com formato de coração.
E apenas em 1876, em Vevei, na Suíça, o chocolatier Daniel Peter
desenvolveu a técnica de adição de leite ao chocolate, criando o produto
final que consumimos até hoje.

Mitos e verdades

Listamos abaixo alguns dos mitos que cercam o chocolate - e os fatos
científicos por detrás destes mitos.

1 - Chocolate é afrodisíaco e vicia.


Parece que o chocolate, assim como o café e o chá, possui uma capacidade
incomum para interagir com a química cerebral. O Dr. Adam Drewnowski, da
Universidade de Michigan, descobriu que, bloqueando quimicamente
receptores opióides no cérebro, era capaz de diminuir pela metade o
consumo de chocolate em comedores compulsivos. Ele diz: "nossa pesquisa
indica que os opióides estão implicados no desejo intenso por alimentos
ricos em açúcar e gorduras, particularmente chocolates".

Os pesquisadores também descobriram que o chocolate - assim como a
cafeína - estimula a produção de um produto químico chamado
feniletilamina. Esta substância tem sido associada há algum tempo ao
"sentir-se apaixonado" - as primeiras pesquisas neste sentido foram
realizadas pelos médicos Donald F. Klein e Michael R. Liebowitz, do
Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque (mais referências sobre
Feniletilamina no artigo A Paixão sem mistérios? A anatomia, a química e
a biologia do amor, disponível em Boa Saúde). É provável que explicação
da sensação de extremo bem-estar ao devorarmos uma caixa de bombons
passe por este caminho.

O chocolate contêm nutrientes essenciais para energia, bom humor e
prevenção da insônia. Alguns destes nutrientes estão ausentes em boa
parte da dieta e os cientistas acreditam que o chocolate seja sua
principal fonte.

Comer vegetais folhosos verdes, como brócolis e aspargos, é uma boa
maneira de evitar o desejo intenso por chocolate, pois substitui algumas
das substâncias que produzem o "vício"

2 - Chocolate causa acne.

Muitos dos velhos mitos sobre o chocolate e a saúde estão desmoronando
sob o peso de fatos científicos. Nas últimas duas décadas, as pesquisas
mostraram que ele não causa - tampouco agrava - os casos de acne. Um
estudo realizado no Departamento de Dermatologia da Escola de Medicina
da Universidade da Pensilvânia, demonstrou que o consumo de chocolate
não estava relacionado ao desenvolvimento ou agravamento da acne.

3 - Chocolate causa cárie.

Todos os alimentos que contêm carbohidratos fermentáveis podem
contribuir para formação de cáries, mas o papel do chocolate nesta
doença tem sido sobre-valorizado. Pesquisas no Forsyth Dental Center, em
Boston, e na Escola de Odontologia da Universidade da Pensilvânia,
mostraram que o chocolate é capaz de anular o potencial acidificante do
seu açúcar. Ainda, ele reduz a desmineralização - um processo
diretamente relacionado ao surgimento de cáries. Pesquisas no Eastman
Dental Centerin, em Rochester (estado de Nova Iorque) mostraram que o
chocolate é rico em proteínas, cálcio, fosfatos e outros minerais, todos
eles sabidamente protetores do esmalte dentário.

Em resumo, o açúcar contido no chocolate pode causar cavidades nos
dentes, mas não é mais perigoso que o açúcar contido nos demais
alimentos. O que importa é uma boa higiene bucal, e não o tamanho da
caixa de bombons.

4 - Chocolate não contém nutrientes e ainda por cima engorda.

As pessoas tendem a superestimar as calorias do chocolate. Uma barra
média contêm apenas cerca de 210 calorias. Ao contrário da crença
popular, a maioria das pessoas acima do peso ideal não comem quantidades
excessivas de bolo, doces, confeitados e similares. Na verdade, a
ingesta de açúcar nestas pessoas tende a estar abaixo da média. Mais
importante no controle do peso é o total de calorias consumidas por dia
e a quantidade de energia gasta em atividades físicas.

O chocolate contém mais de 300 substâncias químicas diferentes e vários
nutrientes necessários ao corpo. Calcula-se que uma barra média
contenha:

- 3 gramas de proteína
- 15% da necessidade diária de riboflavina
- 9% da necessidade diária de cálcio
- 7% da necessidade diária de ferro.


A gordura (manteiga) presente no cacau dá ao chocolate sua textura
característica. Pesquisadores mostraram que esta gordura não aumenta os
níveis sanguíneos de colesterol, principalmente devido ao alto conteúdo
de ácido esteárico. Mais ainda: pesquisas recentes na Universidade da
Califórnia mostraram que o chocolate apresenta níveis elevados de
produtos químicos conhecidos como flavonóides e fenólicos - e sabe-se
que alguns fenólicos podem diminuir o risco de doenças cardíacas.
Recentemente, por exemplo, pesquisas mostraram que doses moderadas de
vinho tinto (um cálice por dia) exercem efeitos benéficos sobre o
coração e acredita-se que isto se deva exatamente à presença destes
compostos na bebida; eles também estão presentes no chocolate.

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